Duilio queria manter Sylvinho no Corinthians; saiba o que fez o presidente mudar de ideia
Opinião de Roberto Gomes Zanin
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Eu estava escrevendo um artigo pedindo a demissão de Sylvinho, ainda no decorrer do segundo tempo do jogo contra o Santos, na noite desta quarta-feira. Foi então que recebi uma mensagem de um amigo muito, mas muito influente no Corinthians.
"Sylvinho vai ser demitido no vestiário. Não vai nem para a coletiva", dizia. Parei de escrever o primeiro esboço e passei a fazer este artigo.
Você acha que Sylvinho caiu por causa do péssimo trabalho e da falta de organização do time? Que a gota d'água foi a derrota em casa, de virada, para o fraquíssimo time do Santos, dirigido por Carille, desafeto de Andrés Sanches e companhia?
Ledo engano.
Uma fonte segura me garantiu que Duilio, Roberto de Andrade e Alessandro, mas, principalmente o Roberto, queriam manter o treinador no comando. Apostavam no baixo nível técnico do Paulistão. Por isso não fizeram o óbvio: demitir Sylvinho no final do ano passado.
Mas "forças ocultas" empurraram o cabo de guerra para o lado da demissão. Sylvio foi vítima de uma ironia do destino.
O grupo que domina o Corinthians desde 2008 tem em Sylvinho um homem de confiança. Tentou contratá-lo como técnico anteriormente e ele esnobou o Corinthians. As negativas de Renato Gaúcho e Aguirre, a falta de opções e a recusa em procurar um treinador estrangeiro fizeram a vaga cair no colo de Sylvio no ano passado.
Com poucos jogadores talentosos, e com um Corinthians modesto no mercado da bola, o novato conseguiu ir levando o trabalho. Não estávamos na zona do rebaixamento e ninguém exigia mais daquele elenco. Apenas a permanência na Série A.
A ironia se desenha quando a diretoria começa a melhorar as contas, fechar parcerias e trazer craques. Isso fundiu a cabeça do treinador. Ele se tornou pequeno diante dos medalhões.
O Timão se classificou para a Libertadores por conta do fator Arena com público. Fora de casa, campanha de rebaixamento.
As parcerias aumentaram as ambições e o poderio do time. Mas a moeda do investidor tem duas faces. Trazemos craques, pagamos o salário e queremos ver o time vencer. Isso é lógico e compreensível.
Todo o ecossistema que gira em torno da diretoria exerceu uma pressão, frequentemente silenciosa, com base no conceito de que não adianta ter jogadores grandes dirigidos por um técnico pequeno.
Além disso, a saúde financeira do clube também passa por boas campanhas na Copa do Brasil e Libertadores.
Não deu para arriscar.
E não adianta tapar o sol com a peneira. Quem põe dinheiro quer, legitimamente, ter retorno.
O trio de ferro da diretoria teve que se convencer que com Sylvinho, na beira do campo, o retorno não seria financeiro ou de marketing.
O retorno seria voltar para casa, com o Uber das eliminações.
Os parceiros querem um treinador cascudo. E um preparador físico também. Paulinho, por exemplo, está treinando desde o ano passado e ainda está fora de forma. Levando em conta que Cuca é complicado, que Andrade não se dá com Mano Menezes e que a diretoria não perdoa a molecagem de Renato Gaúcho, acredito que o próximo técnico do Corinthians não será brasileiro. Apesar de até poder falar português.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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